Campanha para a Evangelização 2025

29 de Novembro de 2025

"Campanha para a Evangelização 2025"

Campanha para a Evangelização 2025


“Hoje, é preciso que eu fique na tua casa”

(Lc 19,5)

 A Campanha para a Evangelização (CE) foi criada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), na sua 36ª Assembleia Geral, em 1998. Ela se realiza entre a Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo e o 3º Domingo do Advento, dia da Coleta Nacional para a Evangelização, que tem seus resultados destinados da seguinte forma:

  • 45% ficam na própria (arqui)diocese, para subsidiar a ação missionária, evangelizadora e pastoral da Igreja Local;
  • 20% vão para o respectivo regional da CNBB, para a sua sustentação de suas estru- turas de evangelização e formação e
  • 35% são enviados à sede nacional da CNBB, em Brasília, de forma a garantir iniciativas e estruturas nacionais de evangelização, como as Comissões Episcopais que orientam e dinamizam a ação pastoral em todo o Brasil.

Não se trata apenas de uma coleta, mas, de fato, de uma campanha, que deseja chegar antes ao co- ração e à consciência dos fiéis, ajudando-lhes a dar passos concretos e seguros no seguimento de Jesus, em consonância com as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil.

O tema é acolhido e escolhido pelos bispos reunidos no Conselho Episcopal de Pastoral (CONSEP). O deste ano foi sugerido por Denner Willian de Macedo, de Macapá/PA, via e-mail (campanhas@cnbb.org.br), em 24 de novembro de 2024. O tema é: “Hoje, é preciso que eu fique na tua casa” (Lc 19,5).

O foco está na casa, reforçando a importância da acolhida de Jesus na interioridade de cada pessoa e da abertura da casa aos irmãos, fato importante nas primeiras comunidades cristãs e hoje, quando nem todos ainda venceram o isolamento causado pela pandemia da covid-19, visto que vivemos sob a influência de uma lógica de isolamento social que serve ao paradigma tecnocrático: cada um por si. Nesta linha, tudo se encaminha para que a novas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil a serem aprovadas na 62ª Assembleia Geral, em abril próximo, traga como grande prioridade as pequenas comunidades de discípulos missionários. Além disso, a CE 2025 fará uma ponte entre a CF 2025 – Fraternidade e Ecologia Integral – e a CF 2026 – Fraternidade e Moradia –, conduzindo-nos da Casa Comum à casa de cada um.

Na ocasião da escolha do tema, os bispos ofereceram algumas pistas que podem nortear a nossa reflexão, oração e conscientização:

  • Jericó é o ambiente da cena, é a última cidade que Jesus visita antes de chegar em Jerusalém. É a última chance de encontrar Jesus. Por isso, Zaqueu, na sua baixa estatura moral – era o chefe dos cobradores de impostos –, sobe num sicômoro, uma espécie de figueira – única árvore citada no jardim do paraíso (Gn 3,7) – árvore sob a qual os judeus costumavam ler as Escrituras. É preciso su- bir, ir além da Palavra da Escritura, meditá-la, rezá-la, contemplá-la e transformá-la em gesto, atitude, para acolher Jesus, converter-se e abrir-se aos irmãos e irmãs.
  • “Hoje” é o dia da salvação! Nele há um sentido esca- tológico a ser resgatado: é o hoje eterno de Deus, sempre presente, que já começa aqui, mas continuará na plenitude do No Evangelho de São Lucas, podemos compilar “9 Hojes”:
    • Lc 2,11: “Hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós o Salvador, que é o Cristo Senhor!” (partimos do Natal de Jesus, que vamos celebrar);
    • Lc 4,21: “Hoje cumpriu-se esta palavra da Escritura que acabaisdeouvir” (Jesus é a Palavra eterna que se cumpre, se faz carne em nosso meio);
    • Lc 5,26: “Hoje vimos coisas maravilhosas” (o povo reconhece em Jesus a presença do Reino de Deus no seu meio);
    • Lc 12,28: “Ora, se Deus veste assim a erva do campo, que hoje está a? e amanhã é lançada ao forno, quanto mais a vós, fracos na fé” (o cuidado de Deus com a Ecologia Integral é sinal do Reino).
    • Lc 13, 32: “Eu expulso demônios e faço curas hoje e ama- nhã, e no terceiro dia se completará a minha obra” (Jesus cumpre plenamente a sua missão até a Páscoa. Depois, é conosco, é a nossa missão!);
    • Lc 19,5: “Hoje é preciso que eu fique na tua casa” (tema da CE 2025 – é preciso acolhê-lo concretamente aco- lhendo-nos uns aos outros);
    • Lc 19,9: “Hoje chegou a salvação a esta casa” (só abrindo a Ele a nossa casa, seja a interior como a exterior, experimentaremos a salvação que Ele nos trouxe);
    • Lc 22,34.61: “Hoje, antes que o galo cante, três vezes ne- garásconhecer-me” (Somos, porém, É preciso conversão constante);
    • Lc 23,43: “Hoje estarás comigo no para?so” (Fiando-nos na promessa, caminhemos na acolhida dos irmãos e na construção de pequenas comunidades de discípulos missionários que edificam com o fermento do Evangelho e a força da Graça o Reino de Deus entre nós).
  • “É preciso”: é sinônimo de “é desígnio divino”!
  • “Casa” é a morada da família, dos discípulos; é a própria família/descendência. Para nós, é antes de tudo imagem do coração humano e da Igreja Doméstica. Casa é espaço de encontro, com Deus e com o próximo, de ternura e proximidade. A Igreja é também muitas vezes chamada de casa de Deus (1Tm 3,15), por isso, escreveu o amado Papa Francisco: “A Igreja é chamada a ser sempre a casa aberta do Pai. Um dos sinais concretos desta abertura é ter, por todo o lado, Igrejas com as portas Assim, se alguém quiser seguir uma moção do Espírito e se aproximar à procura de Deus, não esbarrará com a frieza duma porta fechada” (EG,47). Essa casa é a comunidade eclesial missionária que, últimas DGAE 2019 – 20231, prorrogadas até 2025, é sustentada por quatro pilares: Palavra, Pão, Caridade e Ação Missionária.

Numa de suas últimas catequeses, a do dia 2 de abril de 2025, o Papa Francisco refletiu sobre esta passagem bíblica do encontro de Jesus com Zaqueu:

aos submundos de hoje, aos lugares de guerra, à dor dos inocentes, ao coração das mães que veem morrer os seus filhos, à fome dos pobres.

Num certo sentido, Zaqueu perdeu-se, talvez tenha feito escolhas equivocadas ou a vida o tenha colocado em situações das quais tem dificuldade de sair. Efetivamente, Lucas insiste em descrever as caraterísticas deste homem: não só é um publicano, ou seja, alguém que cobra os im- postos dos seus concidadãos para os invasores romanos, mas é inclusive o chefe dos publicanos, como se dissesse que o seu pecado é multiplicado.

Além disso, Lucas acrescenta que Zaqueu é rico, deixando intuir que enriqueceu à custa dos outros, abusando da sua posição. Mas tudo isto tem consequências: provavelmente Zaqueu sente-se excluído, desprezado por todos.

Quando descobre que Jesus está de passagem pela ci- dade, Zaqueu sente o desejo de o ver. Não ousa imaginar um encontro, limita-se a fitá-lo de longe. Mas os nossos desejos encontram também obstáculos, não se realizam automaticamente: Zaqueu é de baixa estatura! É a nossa realidade, temos limitações que devemos enfrentar. E depois há os outros, que às vezes não nos ajudam: a multidão impede que Zaqueu veja Jesus. Talvez seja também um pouco a desforra deles.

Mas quando temos um desejo forte, não desanimamos. Encontramos uma solução. Mas é preciso ser corajoso, não ter vergonha; é necessário ter um pouco da simplicidade das crianças, não se preocupar demasiado com a própria imagem. Precisamente como uma criança, Zaqueu sobe a uma árvore. Deve ter sido um bom ponto de observação, sobretudo para olhar sem ser visto, escondido por detrás dos ramos.

Mas com o Senhor acontece sempre o inesperado: quando se aproxima, Jesus eleva o olhar. Zaqueu sente-se desco- berto e provavelmente espera uma repreensão pública. O povo talvez o esperasse, mas fica desiludido: Jesus pede a Zaqueu que desça imediatamente, quase surpreendido por o ver na árvore, e diz-lhe: «Hoje tenho de ficar em tua casa!» (Lc 19, 5). Deus não pode passar sem procurar quantos se perderam.

Lucas põe em evidência a alegria do coração de Zaqueu. É a alegria de quem se sente visto, reconhecido e, sobretudo, perdoado. O olhar de Jesus não é de repreensão, mas de misericórdia. É a misericórdia que, às vezes, temos dificuldade de aceitar, principalmente quando Deus perdoa àqueles que, na nossa opinião, não o merecem. Murmuramos porque gostaríamos de pôr limites ao amor de Deus.

Na cena em casa, depois de ouvir as palavras de perdão de Jesus, Zaqueu levanta-se, como se ressuscitasse da sua condição de morte. E levanta-se para assumir um compromisso: devolver o quádruplo do que roubou. Não se trata de um preço a pagar, pois o perdão de Deus é gratuito, mas trata-se do desejo de imitar Aquele pelo qual se sentiu amado. Zaqueu assume um compromisso a que não estava obrigado, mas fá-lo porque compreende que é o seu modo de amar. E fá-lo unindo a legislação romana relativa ao roubo à legislação rabínica sobre a penitência. Assim, Zaqueu não é apenas o homem do desejo, é também alguém que sabe dar passos concretos. O seu propósito não é genérico nem abstrato, mas nasce precisamente da sua história: olhou para a sua vida e identificou o ponto a partir do qual dar início à sua mudança.

Caros irmãos e irmãs, aprendamos com Zaqueu a não perder a esperança, nem sequer quando nos sentimos rejeitados ou incapazes de mudar. Cultivemos o nosso desejo de ver Jesus e, sobretudo, deixemo-nos encontrar pela misericórdia de Deus, que vem sempre à nossa procura, independentemente da situação em que nos perdemos”2.

Para sinalizar esta CE 2025, o artista sacro, Antônio Batista, desenvolveu um cartaz, no qual a ideia central é a da acolhida de Jesus nascente na casa das famílias que estão dispostas a abri-la ao Senhor que quer habitar conosco. No livro do Apocalipse, Jesus diz: “Eis que estou à porta e bato. Se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, eu entrarei em sua casa e tomarei refeição com ele, e ele comigo” (Ap 3,20). “Em comunhão com toda Igreja que se preparar para celebrar o Natal do Senhor, retratamos no cartaz a família de Nazaré: Maria e José que batem à nossa porta e nos trazem o seu filho Jesus, que quer nascer entre nós. Há uma mistura do tempo de Jesus com o nosso tempo, a fim de confrontar o natal comercial com o Natal de Jesus. Há muito, as praças e os lares católicos são tomados pela cultura do brilho, das luzinhas e do Papai Noel, fazendo com que todos entrem no clima natalino-comercial, de trocas de presentes, de confraternizações sem fim. Este natal do consumo, acom- panhado de muito brilho e propaganda, tem sempre sucesso e capacidade de fechar as casas, impedindo-nos de entender, acolher, de celebrar como irmãos a verdadeira beleza do Natal de Jesus”, afirmou o artista. O tema preside ao cartaz, provocando-nos à reflexão: “Hoje, é preciso que eu fique na tua casa” (Lc 19,5). Contemplando este cartaz, reflitamos e deixemos, neste advento, nossas casas de portas abertas para o Cristo que deseja nascer, ser acolhido e morar entre nós, ajudando-nos com seu exemplo a vivermos de portas abertas também aos irmãos e irmãs.

Para dinamizar esta CE, o compositor, Adenor Terra, compôs um refrão meditativo que poderá ser usado durante o Tempo do Advento, inclusive para o acendimento das velas da coroa do Advento:

Hoje, é preciso que eu fique em vossa casa (Lc 19,1),

em vosso meio se encontra a salvação (cf. Lc 19,9).

Hoje, renascem o amor e a esperança,

em densas trevas refulge o meu clarão (cf. Jo 1,5).